Estou aguardando o 9 ano , cadê vocês?
Um defensor do nazismo
6 de maio de 2012 | 21h25
Ethevaldo Siqueira
Nunca supus que ainda houvesse defensores do
nazismo no Brasil. No entanto, nada melhor do que um espaço democrático para se
debater um tema histórico tão importante quanto esse. Primeiro vamos dar a
palavra a um leitor, cujo e-mail traz o nome de Marco Antonio Mattar. Embora
seu nome não indique ascendência germânica, ele afirma ser neto de alemão. E
escreve-me para fazer observações sobre o artigo O nazismo revisto em 3D, publicado na edição
de domingo, 06 de maio, do Estadão.
É exatamente o mesmo que tem o título O nazismo revisitado em 3D,
neste blog. A seguir, a argumentação de Mattar:
“Quando ouvimos falar sobre a Alemanha
nazista, sempre nos é passada a história contada pelos vencedores da 2ª Grande
Guerra. Que, nesta época, a Alemanha era dirigida por um louco varrido e doente
que levou o mundo à destruição. Analisemos os fatos sem apologia e, sim,
imparcialmente.
Adolf Hitler não chegou ao poder através de
um golpe de estado, portanto, não deveria ser considerado ditador, além do que
a maioria esmagadora dos alemães apoiavam o seu “líder”.
Como era a Alemanha na época do nazismo?
- nesta época a Alemanha recuperou a
agricultura e o campesinato para alimentar todo Reich;
- levantou o nível do operariado, que pela
primeira vez começou a ser respeitado por toda a sociedade;
- encorajou a moral da família, a
maternidade, a paternidade, o respeito e a honra;
- procurou encorajar políticas de proteção ao
meio-ambiente;
- provia dinheiro ilimitado para investimento
em fontes alternativas de combustível, investindo pesadamente em petróleo
sintético e geração de energia por variadas fontes;
- eliminou divisões do povo alemão: cada qual
dentro das suas aptidões exercendo uma função em prol da unidade nacional;
- recuperou o orgulho de um povo abatido e
humilhado;
- reestruturou a educação;
- eliminou a inflação, as crises e o
desemprego;
- construiu milhares de quilômetros de
estradas modernas;
- estimulou padrões saudáveis de consumo;
- deu aos trabalhadores suas primeiras
viagens de férias;
- criou os primeiros resorts para
trabalhadores;
- em 1938, Hitler, foi eleito pela revista
estadunidense Times como “Homem do Ano”;
- construiu centenas de milhares de moradia
dignas para os trabalhadores, cada uma com sua horta, que a família trabalhava
com seu próprio esforço;
- instituiu o Serviço do Trabalho junto ao
Serviço Militar obrigatório;
- vários avanços na medicina e pesquisa. Isto
e muito mais, além do domínio da fotografia e cinema com imagens 3D.
Bombardeios devastadores de Dresden
Ninguém pode negar que o bombardeio de
Dresden por mais de 14 horas foi uma grande tragédia. 135.000 pessoas morreram
em consequência de um ataque aéreo sem necessidade militar. Uma cidade completamente
desprotegida cheia de refugiados do leste, prisioneiros de guerra aliados e
russos e milhares de trabalhadores forçados. Este ato foi, simplesmente, um
assassinato em massa, um genocídio contra o povo alemão.
Olimpíada nazista
Jesse Owens, atleta negro dos EUA, ganhador
de 4 medalhas de ouro, nunca foi ignorado por Hitler. À pedido do COI (Comite
Olímpico Internacional), antes do Führer sair do estádio, solicitaram a ele que
não mais cumprimentasse publicamente os vencedores de qualquer competição. Tal
fato ocorreu quando Cornelius Johnson (e não Jesse Owens), atleta dos EUA,
estava sendo laureado com medalha de ouro pelo salto em altura. Após o pedido
do COI, não houve mais cumprimentos do “Líder”, em público, durante o resto da
Olimpíada, nem para negros e nem para nenhum outro atleta.
Você sabe quem venceu a Olimpíada? A Alemanha
com 33 medalhas de ouro, 26 de prata e 30 de bronze. Os EUA ficaram em segundo
com 24 de ouro, 20 de prata e 12 de bronze. Esta Olimpíada foi para mostrar ao
mundo o surgimento de uma nova, como aconteceu, e não para mostrar a suposta
superioridade da raça ariana.
Visita à Itália
Quando a Alemanha invadiu a Polônia foi para
reconquistar territórios perdidos pelo Tratado de Versalhes em que cidades com
população de maioria alemã, viviam às margens da sociedade. Interessante notar
que quando a Alemanha invadiu a Polônia, a Inglaterra declarou guerra à
Alemanha, porém quando a Rússia invadiu o leste da Polônia, algumas semanas
após, a Inglaterra nem se pronunciou. Estava decretada ali o fim do sonho de
uma Alemanha realmente independente.
Ainda existe um grandioso tabu quando se fala
sobre os progressos da Alemanha nazista, justamente implantado por quem domina
as informações.
Pontuei estas considerações porque, como
formadores de opiniões, os escritores, jornalistas etc. não devem passar
informações fabricadas, de forma parcial ou tendenciosas. Senão, podem cair no
descrédito!
Abs., Mattar”
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Minha resposta:
O nazismo ainda cega algumas pessoas
Prezado Mattar: É curioso, meu artigo está
focalizado na apresentação de um documentário audiovisual que reconhece
claramente o avanço tecnológico alemão na área de fotografia e cinema 3D. Não
escrevi um artigo sobre o nazismo, mas comentei o conteúdo do documentário, com
imagens que foram feitas — não pelos vencedores, mas pelos próprios
alemães. Só em resposta a tantas afirmativas inverídicas, eu teria razões para
mostrar o que foram Hitler e o nazismo.
Veja a incongruência. No último parágrafo de
sua mensagem, você tenta justificar sua apologia da Alemanha nazista, dizendo
preocupar-se com a ação dos “formadores de opiniões, os escritores, jornalistas
etc.” que passam “informações fabricadas, de forma parcial ou tendenciosas”, e
que, por isso, “podem cair no descrédito!”
Mattar, você está absolutamente enganado
quanto ao que escrevo: não passo informações
fabricadas, de forma parcial ou tendenciosas. Assim, não cairei no
descrédito.
Você não esconde sua simpatia extrema pelo
nazismo e por Hitler. É um direito seu acreditar em tudo isso. Mas,
curiosamente, suas informações só se referem a fatos supostamente positivos na
Alemanha nazista – omitindo tudo sobre o genocídio de 6 milhões de judeus,
sobre as experiências com seres humanos em campos de concentração, sobre a
eliminação pura e simples dos opositores. Nada diz sobre as barbaridades
cometidas pelas forças armadas nazistas contra as populações dos países
dominados. Nem sobre a blitzkrieg.
É claro que toda guerra é, intrinsecamente,
brutal. Assim foram os bombardeios devastadores de Dresden. Mas só eles o
comovem. O resto que o nazismo fez é colírio. Não dá um pio sobre a guerra
expansionista, cruel e ambiciosa que Hitler deflagrou contra o resto da Europa,
aliado a Mussolini e a Hiroito (o imperador japonês).
Não perderei tempo em analisar os fatos
positivos da economia e da cultura alemãs – como prova da excelência do
nazismo. Eu creditaria muito mais às qualidades do povo alemão. A Alemanha de
hoje mostra que o progresso desse país nada tem a ver com ditadura ou
totalitarismo, já que vive há décadas a plenitude democrática.
É claro que regimes totalitários podem
produzir mudanças positivas – na agricultura, na indústria, na educação, na
saúde, na tecnologia e no poderio bélico. Mas por que preço? Será que esses
resultados justificariam os meios empregados, a eliminação dos opositores, a
censura, a defesa sistemática de ideais racistas?
Não é a história escrita pelos vencedores mas
pelos pesquisadores e cientistas honestos que mostra a verdade nua e crua: “a
Alemanha era, sim, dirigida por um louco varrido e doente que levou o mundo à
destruição” – e à morte de cerca de 100 milhões de seres humanos.
Adolf Hitler chegou ao poder por meio de uma
escalada de golpes e de violências – a começar do incêndio do Reischstag, para
culpar os comunistas. E se transforma, sim, em ditador, com todos os poderes. É
claro que mais de 80% do povo alemão, sob a lavagem cerebral da propaganda
nazista, apoia Hitler em plebiscito. Assim aconteceu, também, com o Chile de
Pinochet. Um plebiscito “legitimou” o ditador com mais de 80% dos votos dos
chilenos.
Sobre a Olimpíada nazista, você tergiversa,
pois Hitler retira-se do estádio para não entregar a medalha de ouro a nenhum
dos afro-americanos vencedores. Não queira mudar a história. Se tem dúvida,
veja o filmete do Youtube pelo endereço abaixo:
No seu destaque sobre a visita à Itália, não
há qualquer referência aos fatos que eu cito no artigo, sobre a presença de
Hitler em Roma, ao lado de Mussolini.
Gostaria, finalmente, que me apontasse um
único historiador independente, sério e honesto, que concorda com sua versão
das virtudes do nazismo e da justificativa da guerra que a Alemanha de Hitler
deflagrou contra o mundo.
Aqui fica o assunto para debate de nossos
leitores.